Fustigados por desamores e espinhos q.b., ele era receios sem fim, ela destemida de asas abertas. Renderam-se ambos, deram-se as mãos, decisões, trocaram corações. Ela vontade de ir, ele ansiedade de chegar. Ele águas e ondas, ela ventos e montes. Gostaram-se. Do outro e mais de cada um nos reflexos do outro. Descobertas, reticências, ternuras e cedências. Laços dum, amarras doutro.
Um de estar, outro de vagabundear. Um de nuvens, outro de mar. Um de efémero, outro de brutal. Um de neve, outro de areal. Um de fiel, outro de planar. Um de leis, outro das quebrar.
Ela insistia que o sonho cheirava a flores e ervas, ele sem forças para correr nos bosques. Ele de braços abertos, ela de punhos cerrados. Ela de olhos postos, ele de pés fincados.
Ela do norte, ele do sul. Se ela chorava, ele a abraçava. Se ela beijava, ele a desejava. Se ele esmorecia, ela o elevava.
Um a puxar, o outro a deixar estar. Ele a dormir, ela a sonhar. Ele a sorrir, ela a cantar. Equilibravam-se num ponto médio, longe do centro gravítico do ser. Ele mentia, ela sabia. Ela fugia, ele permitia.
Ele desertou. Ela libertou.
Não se pode voar quando as asas estão acorrentadas. É dia de celebrar a liberdade.
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A trabalhar muito e durante muito tempo. E não, o trabalho não liberta.
A almoçar, jantar, 'cafezar', 'chazar' e 'copar' com pessoas de quem gosto muito.
A dormir, mas pouco. (Com menos de 8h não me oriento. E fico com olheiras terríveis.)
A atender telefonemas como se dum ritual se tratasse, sem saber bem em prol de quê.
A escrever muito, mentalmente, antes de conseguir adormecer...
A pensar nas próximas viagens.
A pensar que devia começar a estudar...
A perder-me em reflexões inconsequentes*...
* Por exemplo, na abundância de animais de estimação chamados Luna perto da minha vida. Ou onde terei metido o estojo de pó compacto que não vejo desde ontem de manhã. Ou a fazer to-do lists que crescem como fungos nos azulejos da casa-de-banho. Ou a tentar dar um sentido qualquer à vida.
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Até aos meus 6 anos, quando todos os outros miúdos se deliciavam com chupa-chupas e chocolates, o que fazia as minhas delícias eram... lascas de bacalhau salgado. Tinha um cúmplice, com mais sessenta anos que eu, que me introduziu à gulodice do sal. E que me tratava como à filha e à neta que nunca teve, amor a dobrar, pelas duas juntas. O primeiro homem (e cúmplice) que perdi. Perdi-o para o malvado do tabaco (sim, foram os cigarros que o levaram, não foi o cancro, o cancro é só uma consequência inevitável).
Comprei bacalhau desfiado e não o demolhei. Homenagem ao T., que não chega para matar a saudade. Ando a comê-lo em pequenas lascas, a recordar as estórias do Alfeite, as tardes em frente à cozinha de porta azul, aos bancos de perna adornados como tronos, com conchas e seixos, para o Rei e a Rainha daquele que foi o melhor dos mundos. Continuo a odiar cigarros (e cada vez mais), que depois me tolheram mais dois.
Perder Amigos cúmplices é daquelas crueldades que nunca doem menos do que doía ontem.
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Why does everybody keep saying seize the day? Aren't all days worthy of being seized?
Sucking the marrow out of life. Indeed.
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Ao passado, gratidão. Por tudo o que do bom foi mesmo muito bom, e pelo que do mau foi do pior. Ganhei asas e coragem, ganhei forças e instinto. Perdi, também perdi muito. Mas das perdas ganhei lições, conheci-me a mim mesma. Agora, é voar rumo ao infinito.
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Quantas vezes já matutámos e pensámos e falámos na questão, com o espelho, com os botões, com os amigos, com taxistas, com a senhora que vende fruta na praça, com os amigos comuns, com os desconhecidos, com os leitores dos nossos blogues, com as nuvens, com os terapeutas? Para lá de ziliões. Conclusões? Muitas, nenhumas, meia dúzia de constatações e verdades de bolso, do género "os homens são todos uns imbecis" e variantes, literalmente, sobre o género, que nem por isso apaziguam as dores.
O Capitão Microondas analisou a coisa em gomos (1, 2, 3, 4 e 5), e deixem-me que diga, concordo com cada palavra. Seguir em frente. Letting go. Acreditar.
Toca a arrumar as gavetas e abrir espaço para respirar. The best is yet to come.
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I once had a really really sweet boyfriend. Whenever we were in his car, he always drove holding my left hand in his right hand, never letting go. He liked that I was near, he was surprised and delighted at my every word. He stared at me like I was a miracle. That guy really loved me, I know that for sure.
I think I miss being loved like that. Maybe I'll never be loved again...
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No outro dia um desconhecido enviou-me um beijo. Soube bem.
No outro dia um desconhecido ofereceu-me papoilas. Sorri.
No outro dia um desconhecido deu-me o elogio que mais precisava de ouvir. Gostei.
No outro dia um desconhecido deu-me avelãs. Aceitei.
No outro dia um desconhecido meteu conversa comigo. Apaixonei-me.
No outro dia um desconhecido fez planos comigo. Fui feliz.
No outro dia um desconhecido flirtou comigo. Corei.
No outro dia um desconhecido fez música só para mim. Cantei.
Começo a pensar que o mal surge só quando os conheço...
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antes/before
depois/after
agora/now
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Porquê, em cada foto, a vontade de me colar em beijos a ti? Esses olhos de amêndoastristes que me gritam e me imploram que os devolva à vida, quando os lábios dizem não.
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One is the loneliest number that you'll ever do
Two can be as bad as one
It's the loneliest number since the number one
No is the saddest experience you'll ever know
Yes, it's the saddest experience you'll ever know
`Cause one is the loneliest number that you'll ever do
One is the loneliest number, worse than two
It's just no good anymore since she went away
Now I spend my time just making rhymes of yesterday
One is the loneliest, number one is the loneliest
Number one is the loneliest number that you'll ever do
One is the loneliest, one is the loneliest
One is the loneliest number that you'll ever do
It's just no good anymore since she went away
(Number) One is the loneliest
(Number) One is the loneliest
(Number) One is the loneliest number that you'll ever do
(Number) One is the loneliest
(Number) One is the loneliest
(Number) One is the loneliest number that you'll ever do
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"Gosto de ti!" - disse ela enquanto lhe afagava o rosto e o cabelo.
"Mas não devias" - retorquiu ele, seco.
"Eu sei. Mas gosto de ti."
Ela ainda gosta dele e sabe que há duas ou três boas razões que tornam este 'gostar' contra-producente. Ela sou eu. Eu gosto dele. Muito. Demais. Ele gosta de me ter por perto. Talvez porque mais ninguém o goste desta maneira. Diz-me que sou tão melhor que todas as outras que não pode fazer-me sofrer. Mas faz. Pena que não tivesse pensado nisso antes...
Ele sabe. E eu já expliquei.
Sei que não devia, mas gosto de ti.
Gosto de ti porque me fazes rir, porque pensas do mesmo modo que eu, porque me tiras palavras da boca e porque me pões na boca palavras que mais ninguém põe.
Gosto de ti porque és profundo, inteligente, sensível, pragmático, liberto das coisas pequeninas e mesquinhas. Tens o maior e mais doce, o mais fantástico e aberto e maravilhoso sorriso do mundo.
Gosto de ti porque me dizes exactamente o que pensas e sentes, e porque não criticas que eu diga exactamente o que penso e sinto. És um miúdo, gostas dos teus brinquedos e de te entregar às tuas guloseimas.
Gosto de ti porque gostamos ambos das mesmas coisas, porque contigo não me sinto uma aberração solitária da natureza.
Adoro o som daquelas tuas gargalhadas que começam em soluços contidos, quase tímidos.
Gosto da tua casmurrice, personalidade forte, mau feitio. És independente e fazes aquilo que te apetece sem dar explicações, respeitas quem o faz do mesmo modo.
Gosto do formato do teu umbigo e dos teus lábios, dos teus dedos e das tuas veias.
Gosto que partilhes das minhas opiniões, gosto da tua acidez e da tua loucura.
Gosto do teu cheiro, das tuas piadas sarcásticas, da teimosia do teu cabelo.
Gostei quando me chamaste linda, quando me disseste a verdade nua e crua.
Gosto do teu corpo, da tua temperatura perfeita, dos teus mamilos delicados. Adoro a pele macia do teu pescoço, os teus ombros brancos, o carinho nas tuas pernas enroladas nas minhas.
Gosto do teu hálito pela manhã e de acordar nos teus beijos.
Gosto dos teus olhos de amêndoas tristes, quando estão abertos e permitem que espreite para dentro de ti, quando estão adormecidos e são dois traços muito escuros e decididos, quando se riem e te envelhecem feliz.
Gosto que detestes tabaco e que não digas palavrões, que o futebol te passe ao lado.
Gosto que sintas falta dos nossos dias, que tenhas saudades.
Gosto que os beijos cavernosos se tenham tornado perfeitos.
Gosto das tuas ambições irmãs das minhas, que sejas aventureiro e destemido.
Gosto do modo como tratas os teus, da admiração e respeito, do carinho que sabes mostrar.
Gosto que não tenhas medo de usar as palavras todas.
Gosto de ti porque és tão igual a mim, gosto de ti porque me completas nas diferenças que temos.
Porra, gosto de ti. Só não gosto que não gostes de mim.
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Sucumbo ao arrepio; Rendo-me. Abri caminho com uma faca de mato entre os dentes, arrisquei, ousei e nunca olhei para trás. Sabendo que errava, tornei a errar; Sabendo que dói… Com desmedida força dei tudo, até do meu sal líquido, nos teus lábios nus. Fraquejei, em jeito de fuga, para não ser mais eu; fui encontrar-me perdida em ti. E juntos nos perdemos. Existi enfim no teu abraço, reconheci-me mulher. Saudade de acordar a sorrir para ti, pura Luz. Quem escondemos nesta escuridão?
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21-02-2009
"(...)
P.S. Independentemente de teres tido um comportamento absolutamente idiota desde o dia em que acabaste comigo, quero que saibas que não te guardo qualquer rancor. Nem sequer por todas as mentiras. Já não és importante o suficiente para não te perdoar. Desejo-te muito sinceramente que encontres a felicidade, que chegues a ser uma pessoa plena e de bem com a vida. Eu estou bem, fiquei mal na altura, como deves calcular, mas superei as dores e até percebi rapidamente que as coisas entre nós nunca poderiam resultar sem que alguém ficasse aquém dos seus objectivos na vida. Somos demasiado diferentes em demasiados aspectos. Tiveste uma lucidez maior que a minha, ou talvez a minha teimosia tivesse sido maior. Percebi que o enorme sentimento que tive por ti talvez não tivesse sido por TI, mas pela situação gerada. Talvez me tenha apaixonado pelas hipóteses, pela paixão que tiveste por mim, pelos muitos inegáveis fantásticos momentos que vivemos. É difícil definir sentimentos e chamar nomes às coisas. Se o tempo tivesse parado, provavelmente continuaria a chamar-lhe amor. Não sei… Mas quero que tenhas presente que nunca tive noção da diferença enquanto estive contigo; cada beijo, cada palavra, foi tudo verdadeiro e sentido, de coração puro. Fui tua, só tua, do primeiro ao último dia dos quase 5 anos que partilhámos.
A percepção da diferença veio depois, inesperadamente. A magnitude dos sentimentos (ainda que também a estes não os consiga definir) abateu-se sobre mim, acho que também sabes com quem. E não sem uma generosa dose de espanto, de incredulidade. Só prova que afinal conhecias-me profundamente. Independentemente do que possas ter pensado, foram sucessões de acasos que em ocasião alguma visaram atingir-te ou magoar-te, nada foi planeado ou sequer previsível. Foste tu que de repente me excluíste da tua vida, não deveria existir lugar a mágoas, certo? Se porventura ficaste magoado, só posso dizer que lamento. E sim, tinhas razão, ele é perfeito para mim. Fizemos uma viagem onde podia caber uma vida inteira, uma vida passada, em que tudo mudou para sempre. Em que eu mudei, cresci, aprendi tanto. Hoje sou uma pessoa tão diferente de quem conheceste… Tão mais consciente. E tão mais EU.
Espero que estejas bem e que saibas que, apesar dos pesares, se alguma vez precisares de mim para o que quer que seja, não te vou negar a amizade, a que dizias querer manter mas cuja hipótese te apavorou. (Sim, já sei que vais negar. Eu também te conheço bem.) Não condeno; É difícil gerir sentimentos, sobretudo quando se age contra a sua natureza.
Ia escrever-te uma mensagem sucinta e que acabou por ser uma declaração de (bons) sentimentos. Algumas coisas nunca mudam. :)
Fica bem. Um abraço,"
ipsis verbis... Feliz Aniversário!
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Hoje atrevi-me a revisitar aquele céu dramático, pautado de guarda-rios, onde o paraíso estava tão perto. Ouvi o som das doces águas, da tua voz, o cheiro dos lírios entranhou-se na minha alma. Por um momento, um bater de asas duma efémera, o tempo parou e a realidade ausentou-se de mim. Sopraste-me um beijo… e tornei a ser feliz.
Quem te deu esse direito, de pôr e dispor do brilho dos meus olhos com o abrir dum sorriso? Quem deixou a porta do infinito aberta para que invadisses o meu mundo com um mero vislumbre de ti? Irónico o modo do Universo esbofetear quem se atreve a duvidar, quem insiste em encurtar as rédeas das emoções.
…
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Já chega de me queixar de tudo nos últimos tempos (não, não é só TPM deslocada). Queixo-me do calor lá dentro, do frio e da chuva lá fora, queixo-me do emprego que ainda não mudou e das ofertas de novos empregos, queixo-me se durmo demais ou se não consigo dormir, queixo-me de ter tanto que fazer e de não conseguir fazer nada, queixo-me se ele não liga e das conversas que tem quando liga, queixo-me de estar aqui e do mau jeito que dá sair agora…
Por favor, mandem-me calar! Já nem eu me posso ouvir! Eu não sou assim… Não sei o que me aconteceu, mas tenho saudades de mim e quero-me de volta!