E porque este blog ultimamente parece-se com a página de Facebook da nossa cidade à beira-Tejo plantada, ou seja, um obituário, vamos a animar as hostes antes que o próprio do blog faleça - e não queremos isso, pois não? Vamos falar de uma das melhores coisas da vida: COMIDA!
No último aniversário da família (que foi o meu), e depois de muitos anos a fazer pressão nesse sentido, a geração sénior lá cedeu a concordou em comemorar num dos meus restaurantes favoritos em Lisboa: O Grande Palácio de Hong Kong.
Adoro comida chinesa em geral e cantonesa em particular, quase tanto como adoro viajar, e ainda por cima adoro a cultura chinesa, adoro comprar coisas tipicamente chinesas (nomeadamente comida) e vindas da china (ahahah!) e o Grande Palácio tem o dom de ser um daqueles sítios que nos transporta realmente até à China. Primeiro, grande parte da clientela pertence à comunidade chinesa em Lisboa, e só isso já atesta pela qualidade e genuinidade da comida. O serviço não prima pela simpatia, as mesas são grandes e corridas e se é um jantar romântico com privacidade que procura, não é aqui que o vai encontrar, porque provavelmente vai acabar por ter desconhecidos como companheiros de mesa. Isto também ajuda a formar o ambiente típico dum autêntico restaurante chinês.
Por último e o mais importante, a comida. Depois de nos termos deliciado no fantástico e galardoado com estrelas Michelin Tim Ho Wan em Hong Kong (nós fomos ao de Sham Shui Po, há outros, incluindo um no metro, mas mais concorrido), especializado em Dim Sum e conhecido também por ser o restaurante com estrelas Michelin mais barato do mundo (nós pagámos, pelos 2, com claramente demasiada variedade de pratos e ainda 2 coca-colas "caras", que pedimos estupidamente porque não tínhamos percebido que o chá estava incluído, cerca de 13€), é verdade que nunca mais encontrámos dim sum como aqueles. Com excepção do Grande Palácio, que anda lá perto, muito perto! Adoramos regressar aos nossos clássicos favoritos e experimentar coisas novas em cada visita (quantos mais comensais melhor, porque podem pedir uma variedade grande de dim sum para partilhar). A prova de fogo são os pãezinhos doces com carne de porco... Meus amigos... que delícia! A textura do pão faz-nos acreditar que mordemos uma nuvem adocicada que se dissolve na boca, o recheio tenro de porco com molho barbecue combina na perfeição os sabores doces e salgados, e ficamos com a sensação de que podíamos comer mais 6 ou 7 sem nos fartarmos ou enfartarmos. Ainda na lista das recomendações tenho de incluir o incontornável pato à pequim com pele estaladiça, os bolinhos de nabo, os fritos de inhame, os raviois de gambas... Mas o melhor mesmo é aventurar-se na imensa carta.
Aqui paga-se um bom bocado mais do que no Tim Ho Wan, mas considerando o que se poupa em bilhetes de avião, ir ao Grande Palácio de Hong Kong é uma imperdível oportunidade de comer comida autenticamente cantonesa, preparada de forma exímia e absolutamente deliciosa.
Nota: Nem o Tim Ho Wan nem o Grande Palácio de Hong Kong nos pediram ou compensaram de qualquer forma por este post (mas se nos quiserem dar refeições de borla, estamos sempre à disposição =D).
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Há uns dias fomos jantar com amigos a um espaço que nos cativou. Um pequenino restaurante na Mouraria, com poucas mesas, onde os clientes se sentam onde houver lugar (um conceito que me agrada em qualquer parte do mundo), e onde a comida é variada e vegetariana. É o The Food Temple, bem pertinho do Martim Moniz.
O couvert era um pão fresquíssimo, azeite e azeitonas (é uma casa portuguesa, apesar do nome um bocadinho pretensioso).
Na ementa há uma série de tapas, ideais para se pedir pelo menos uma de cada e partilhar com os restantes comensais, e só um "prato principal", mas que também se pode partilhar. Tudo vegetariano, tudo excelente.
Uma amiga que vai a este restaurante com alguma frequência comentou que nunca tinha visto o mesmo prato na ementa duas vezes.
Para beber há chás variados (achei os pequenos, pequenos demais), uma grande variedade de cervejas artesanais, entre outros.
O serviço foi bastante atencioso e descontraído, tirando um pedido no final para tomarmos café no exterior que, apesar de imensamente educado e amável, não fez qualquer sentido, até porque ainda faltava servir um dos cafés e o suposto grupo que iria precisar da mesa não havia ainda chegado.
Os preços não são propriamente para todas as bolsas, mas para uma ocasião de vez em quando também não é nenhum exagero.
O mais importante, gostei de ver a Mouraria fresca, moderna, viva, cheia de gente nova e a mexer!
Chegou mais uma edição da Restaurant Week (em Lisboa e no Porto em simultâneo). Nós, pobretanas com gostos de ricos, não desperdiçamos a oportunidade de comer bem por 20 euritos cada. Fãs que somos do Volver de Carne y Alma do Chef Chakall, aproveitámos desta vez para experimentar o Blend Bairro Alto, o restaurante do Ricardo Quaresma, liderado pelo Chef António Amorim e ao qual o Chakall, infelizmente, só dá o nome.
A não repetir. E a comida nem era má.
Começou a chuviscar enquanto já andávamos pelo Bairro, pelo que fomos direitos ao restaurante, uns dez minutos antes da hora da reserva. Reserva essa que eu tinha feito em nome do Tímido, mas que algures no sistema de reservas ou no restaurante perdeu o primeiro nome do homem - ficou com o segundo nome e o apelido, aparentemente. Não importa, lá entrámos, com os casacos e malas e guarda-chuvas - não há local visível para os guardar, by the way, e também ninguém se voluntariou para os guardar num local mais cómodo do que encostado entre a mesa e a parede. Também não interessa.
O espaço é agradável, simples, não muito grande e o forno branco ao fundo, na cozinha, domina a atenção de quem entra. À direita, na entrada, está a mesa de mistura, porque mais tarde o espaço transforma-se num bar com DJ a animar as hostes.
Pouco depois de nos sentarmos é-nos entregue uma pequena carta de bebidas, em que notámos a ausência de mais do que duas escolhas de vinhos a copo (um branco e um tinto, salvo erro, a 6,5€). Ouvimos uma empregada a perguntar a outra se sabia o que era o menú Restaurant Week, e esta questinou-nos se sabíamos qual seria a ementa. Eu disse que tinha uma ideia, mas já não me recordava exactamente. Igual ao litro, em nenhum ponto do jantar alguém apresentou os pratos, explicou os ingredientes, nada.
Pedimos um refrigerante (3€) para ele e uma água de 0,5 L. A água (2€), provavelmente da torneira, é servida numa garrafa de vidro com o logotipo Blend.
O couvert consistia numa pequena taça com azeite e balsâmico no fundo e um pequeno recipiente com pedaços de 3 ou 4 pães diferentes, que não chegámos a terminar porque pouco tempo depois de chegar a entrada a empregada de mesa chega-se perto, diz apenas "com licença" e retira-o. E que falta que fazia um pedacito de pão para rapar a tacinha de esparregado, em ardósia, sobre uma outra tábua de ardósia, como durante todo o jantar, e que não dá jeito nenhum para comer com garfo!
O tataki de atum veio salvar a situação, porque estava realmente muito bom, no ponto, sem cozinhar demasiado o peixe (ou então sou eu que, como sou absolutamente fanática do atum fresco, sabe-me sempre divinalmente), bem como a palha de alho fracês, bem salgada e suculenta. Já o esparregado não se distinguia do de compra, daquele congelado. Serviu para suavizar os aromas fortes do atum e alho francês, e só.
Terminada a entrada, lá se vai a ardósia e nós ficamos sem saber bem o que fazer aos talheres, ali em cima do cartão (pois, não há toalha de pano, só um cartão cinzento, qual barraca de fast food), o que incomoda as pessoas mais picuinhas e a atirar para o obsessivo-compulsivas (presente!).
Chega o prato principal: risotto de pato com redução de laranja, numa tigela de ardósia ladeada por sal grosso e pedacinhos de cebola frita desidratada (fez lembrar uma que costumo comprar em caixas de plástico no Ikea). O risotto estava bastante bom, adocicado da laranja, cremoso e gordo, com lascas de pato em cima. Pena ser pouco: pouco pato e o tamanho da dose simplesmente insuficiente. Fazia falta algo mais ácido para desenjoar, uma salada ou um legume verde.
Outra empregada, mais polida que a primeira, pergunta se a comida estava do nosso agrado, anuímos, deseja que o doce também seja do nosso agrado. E é aqui que a pior surpresa da noite veio terminar o jantar. Reserva-se e paga-se um menú de 20€ para cada pessoa e, chegada a hora da sobremesa, colocam dois pratos, duas colheres, e entre os dois uma única sobremesa. Mousse de chocolate crocante, que é uma base demasiado espessa de bolacha com uma rodela de mousse demasiado seca para o meu gosto pessoal, de chocolate amargo e com um pouco de sal por cima. No lado vago da ardósia ficam umas migalhas da bolacha, mais sal e - pareceu-me - amendoim torrado. Digo pareceu-me porque, ainda estávamos a compôr-nos do choque de termos de dividir uma sobremesa e lá vem a empregada de mesa do início, "com licença", e lá se vai a arsósia com as nossas migalhas e/ou amendoim (eram migalhas mas eram nossaaaas!!!). Incompreensível! Havia mesas vagas (mesmo a nosso lado, a mesa dupla nunca foi ocupada enquanto lá estivémos), mas parecia claramente que nos estavam a despachar. Assim sendo, fizemos-lhes a vontade, nem pedimos cafés, pagámos e saímos, a interrogar-nos onde podíamos ir jantar a seguir. Vá lá que tínhamos lanchado tarde, porque se tivéssemos poupado o apetite teríamos mesmo saído com fome do restaurante.
Só porque fiquei na dúvida se o menú teria ou não a indicação de haver uma sobremesa a partilhar por cada dois é que não fiz uma reclamação escrita (das que eu gosto tanto!). Arrependi-me. Quando a empregada menos carrancuda repetiu a pergunta se as sobremesas estavam do nosso agrado ainda retorqui "A sobremesA", mas a reacção não deu lugar a mais questões. Um outro empregado que apresentou a conta (com simpatia e à-vontade) ainda perguntou se estava tudo bem, e eu disse que sim mas continuava a preferir o Volver. Explicou que o conceito era diferente (bastante, confirma-se) e que o Chef Chakall aqui era apenas um consultor, ia lá de vez em quando ver se estava tudo bem... Realmente, não há termo de comparação. O Volver dá mil a zero ao Blend, seja no espaço, na simpatia do atendimento, na variedade da carta, na atenção aos detalhes e, sobretudo, na comida.
Chegados a casa confirmo que no menu da Restaurant Week não existe qualquer menção à partilha de uma sobremesa (pelo contrário, a indicação é de que o menu inclui Entrada + Prato + Sobremesa) e questiono directamente a organização (cuja resposta ainda não nos chegou), bem como o restaurante, através do seu facebook. Pergunto: se o número de convivas fosse ímpar, quantas sobremesas teriam servido? O restaurante responde com meias palavras e aparente surpresa por mais ninguém ter reclamado. Really?!
A surpresa, meus caros, é minha, e tão grande quanto a certeza: a mim não me enganam mais!
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Ainda não fomos ao Suchic, mas até agora posso assegurar que o restaurante com a melhor relação qualidade/preço que conheço é... o sushibar do Pingo Doce (no Fórum Sintra). Atendimento igualmente impecável, só têm de garantir que chegam cedo (aos dias de semana, meio-dia é a hora ideal), porque os lugares são limitados e já muita gente descobriu este "segredo".