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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

origem

  • Que as sardinhas são para comer à mão

  • Que as pessoas não foram feitas para voar

  • Que a canela não serve para misturar no leite

  • Que importante é ter dinheiro

  • Que as senhoras devem usar saltos

  • Que as molduras servem para pôr fotos

  • Que o chocolate de culinária não é para comer à dentada

  • Que a garrafeira quer-se cheia de pó

  • Que as coisas de marca são melhores

  • Que as férias são para ir à praia

  • Que as coisas velhas são lixo

  • Que caviar é melhor que paté de sardinha

  • Que é chique esticar o cabelo

  • Que o desporto só faz é bem


Cada qual sabe de si, ok? Há coisas que não mudam nem vão mudar nunca. Assim como eu. ;)


 


 



 


 

No outro dia perguntei-lhe quando é que ele teve a certeza. Porque sabia que ele sempre foi dono e senhor dessa certeza, porque ele nunca hesitou por um segundo, porque ele se atirou de cabeça (e ainda bem que o fez), porque da maneira como me deu aquele primeiro beijo, com tanta serenidade, como se fizéssemos parte um do outro há mil anos, porque as raízes de nós estão tão entrelaçadas sem que as tenhamos visto nascer. Como se sempre tivessem estado aqui, incógnitas, e de repente se tivessem tornado óbvias. A resposta dele veio confirmar o que eu já sabia. A certeza, de alguma forma, sempre esteve lá. E cá.


Que estória bonita a nossa, cheia de sinais, de magia. Um dia sou capaz de contá-la.


 


 



 


 

Não, os amores não morrem. Eu sei disso, tu também. Toda a gente que já amou sabe que os amores nunca morrem. Arrumam-se, afastam-se, definham, esquecem-se. E a verdade é que eu amei-te. Como te amei! E a verdade é que penso ainda em ti, que a tua ausência me dói ainda horrores. Que a saudade sufocada persiste. A verdade é que procuro pretextos para deixar as lágrimas rolarem, porque sei que nelas te encontro. Sempre foi assim, as minhas lágrimas têm o teu nome. A minha verdade, o teu nome e as lágrimas, ao menos esses ficarão indissociáveis para sempre.


 


 


A primeira pessoa que me recordo vivamente de ter-me mentido foi a Lurdes. Pequenina e franzina, muito branquinha, com cara e cabelo de boneca, cheio de canudos. Chamávamos-lhe Lurditas. Éramos amigas desde a 1ª classe e isto aconteceu no 5º ano. Já não me lembro exactamente de qual foi a mentira, ou até se foi uma mentira sobre mim dita a terceiros em vez duma mentira que me tenha dito a mim. Não interessa. Interessa a parte de que nunca me esqueci. Fiquei magoada, desiludida, ultrajada. Como podia alguém de quem gostava tanto, em quem confiava, com quem ria e brincava, alguém que eu ajudava e protegia como podia, ter um acto tão vil para comigo? Lembro-me do sítio exacto do recreio da escola onde lhe disse que tinha descoberto e informei que não pretendia ouvir-lhe novamente a voz dirigida a mim. As duas de olhos mareados. Eu muito zangada. Penso agora que aquilo a que chamam mau feitio possa ter nascido muito antes da adolescência, esse bode expiatório para as decepções que causamos nos outros, esse chiar duma torneira que se abre nesse instante e não seca jamais. Passaram-se dias ou até semanas. Quando a Lurdes falava para o grupo, eu não respondia, olhava para o lado, nem sequer era capaz de rir da melhor das piadolas. Doía ainda a traição. Ela esforçava-se, eu sei que sim, na esperança de eu esquecer-me da zanga, de me deixar ir e voltar a chamá-la de amiga, voltar a caminhar com ela, voltar a dirigir-lhe um “olá” que fosse. E eu, irredutível. Depois houve uma manhã, antes de começarem as aulas (de Inglês, com aquela “stôra” de quem eu gostava tanto) e antes de chegarem mais colegas, em que a Lurdes veio ter comigo. Pediu-me desculpa. Dei-lhe uma resposta qualquer na 3ª pessoa (distante e altiva, como só sei ser se estiver magoada), mas assentindo. Sim, podíamos voltar a ser amigas. Sim, eu também tinha saudades da minha amiga. E sim, tornámos a falar e a rir e a brincar. Mas a essência do que nos unia, a pureza que tem uma amizade sincera, essa ficou manchada. Nunca mais voltei a confiar na Lurdes. Nunca mais lhe contei um segredo. Ia às festas de anos dela. Jogávamos ao elástico, desenfreadamente. Aos países, até à exaustão. Mas nunca mais foi como era. Nunca mais podia ser. Porque há coisas que podemos perdoar, mas não esquecer. Não esqueci, passados tantos anos, passados tantos guiões de aventuras e dramas tão mais possantes.


Há coisas que nunca mudam.


 


 




Sabes, P., quanto mais tempo passa maior é a certeza de que sempre gostaste (muito) mais de mim do que quiseste admitir. Não importa agora, depois de tudo, claro que não, agora sorrio-te por cima de todas as dores. Nem muda nada na inexistência hipotecada dum nós. As tuas incoerências agudizam-se, maiores que a tua vontade. Nunca me perdeste o rasto, nunca te fui indiferente, não adianta que negues. Continuas a preocupar-te comigo, e não só por sentimento de culpa, que o tens, e bem. E é bom sabê-lo. É bom saber que não estive sempre louca e que a realidade que queria ver, sem provas para além de mim e de ti, não era completamente fruto da idealização. E talvez devesse dizer-te que, apesar de todo o mal que nos trouxemos, toda a dor gelada que me causaste, ciente dela (só nunca da sua dimensão, isso não, nunca a poderias imaginar), todos os mares que chorei, não há, não pode haver, nem quero que haja, esponja que ilibe toda a verdade, que sempre está pendurada nos nossos olhos. Nunca deixei, nunca deixarei, de te gostar, profundamente (da pessoa que és, repeti tanto isto), de te respeitar, de te admirar, de todas as maneiras que sempre te disse e que não tornarás a encontrar. Esta sou eu. Eu, a mesma que nunca chegaste a conhecer inteiramente. A que andou perdida de si enquanto te procurou num reflexo qualquer. Continuo a querer-te muito bem, o melhor... Ao longe, sem farpas. Continuo a dizer-te sempre e nunca. Sabes?


 


 




Daqui por uns meses estou eu a queixar-me que não sei porque é que me meto nestas andanças, e que não tenho neurónios que chegue para tudo, que estou mais morta que viva, etc. e tal. Eu sei. E mesmo sabendo, lá fui eu a cantarolar por mais uma aventura adentro. É que não há ninguém a competir pelo meu tempo e atenção, portanto, o melhor é mesmo dar amor e mimos e atenção a moi même, que bem preciso e mais mereço. A seguir a viagens e passeatas, the next best thing. Número 1001945. A treat for my soul.


 


 


As lágrimas cansam, cansam tanto... Desde que fui roubada dum pedaço de mim que não as consigo conter. Não as sei evitar, porque não sei contornar os pensamentos que me levam até à memória dele. Sempre ele, os momentos bons, os melhores do mundo, não obstante terem sido sempre agrilhoados. Continuo a querer saber como seria se fosse de verdade. Durante o dia, vou obedecendo às regras, como cumpro com os horários de medicações forçadas. As regras da psicoterapeuta que me impele a lembrar o mal que ele me fez (e eu a mascarar tudo com desculpas que poderiam esconder um amor por assumir). As regras dos amigos que não perguntam como estou para não lhe ouvir novamente o nome (o calar, e dentro de mim sempre um chamamento). As regras dos amigos que perguntam e querem com tanta força exorcizar esta presença em cada face da minha tristeza (e solto a raiva que tenho, com a saudade a martelar mais alto). As regras de mim própria, mulher de armas que se recusa a ser absorvida pela dor (e que se recusa a bater em retirada enquanto houver sangue a pulsar, dores por doer e silêncio por sacrificar). Quando estou a sós comigo, refugiada em quaisquer linhas para ler, na tv ou no sono, dou por mim a correr. A fugir das recordações, dos sonhos que caíram por terra e dos outros que ainda não desistiram de me assediar. Corro, por entre golos de chá, de sinapse em sinapse. Mas as lágrimas apanham-me, são mais velozes que eu. Antes de conseguir materializar uma imagem ou pensamento, já lá estão elas a denunciar que voltei a cair. Tristeza em estado líquido. (Ou o coração a derreter ali, como ele disse um dia enquanto amparava uma com o dedo.) Só a Lua testemunha cada uivo alagado e este impotente cansaço. Já não espero pelas improbabilidades. Mas tenho esperança nelas, desejo-as com paixão ofegante. As lágrimas já não me comovem, são apenas um sintoma, um desgastante sintoma, contínuo, persistente, como uma dor nas cruzes. E do que eu preciso é duma cura.



Once again, I find myself biting the lower lip. Damn, I was almost sure today was gonna be the day. The first day since you left my life when the tears could sit alone inside. I guess I’ll just have to wait another day, another month, another year. They tell me the pain will go away someday. They say that time helps and heals. But time just seems to be furthering away the two ends of a bridge that grew so strong between us. I wish I could turn my back and walk away from your end. I wish I could forget, or forgive that you forgot. I wish the pain would numb me for a while.


 


No, the one thing I ever really wished for was your love.


 


:(

A mozzarela de búfala explodiu no frigorífico. O dentista mais fofinho (até hoje) diz para não abrir tanto a boca (e chama-me querida, faz festinhas e dá beijinhos, mais os sorrisos na moldura barbuda e os olhares intelectuais quando lhe respondo com palavreado científico). Mal sabe ele dos excessos da mente que nem chegam a sair boca fora, ninguém os quer ouvir. Trambolhão que me deixou com severas dificuldades em subir e descer escadas.


Pensamentos nas ausências do passado e do futuro. Quão frágeis somos, de corpo e de alma. Lá fora, a chuva. Vontade de fazer disparates que podem custar caro, mas a vontade está cá, a espicaçar, a provocar. Não tenho medo da chuva. Molha, mas nem tanto. Ah, mas ajuda a escorregar. Os disparates não eram necessariamente para fazer à chuva. Podia ser em frente da lareira. Ou no fim do mundo, ou na lua, desde que com ele.


A psicoterapeuta admite que concorda comigo, mas ainda insiste que devia ir à procura do que não quero encontrar. As fotos ficaram bem mais giras do que imaginei. Sem vontade dos doces natalícios, excepção feita a uma ou outra azevia de grão (com pouca canela). A avó do falecido faz umas azevias como eu gosto, inundadas de canela e limão. Afinal sempre tenho ainda transtornos com a separação.


Litradas de chá quentinho.





Mas o que fazia falta era um tubinho de Hirudoid. Ai...


 


*não se espera nada mais, e ainda nem toquei no moscatel.

Era um embrulho pequeno, sem caber no bolso dum casaco. Rectangular, papel e laço branco. Para comemorar. Ou lamentar. Porque sim, havia algo deveras importante, mas nunca saberás, não por mim nos próximos 20 anos, pelo menos. Mandei o embrulho fora, perfeitinho, sequer o amachuquei antes. Directo para o contentor. Como devia fazer contigo.


 


21-02-2009


 


"(...)


 


P.S. Independentemente de teres tido um comportamento absolutamente idiota desde o dia em que acabaste comigo, quero que saibas que não te guardo qualquer rancor. Nem sequer por todas as mentiras. Já não és importante o suficiente para não te perdoar. Desejo-te muito sinceramente que encontres a felicidade, que chegues a ser uma pessoa plena e de bem com a vida. Eu estou bem, fiquei mal na altura, como deves calcular, mas superei as dores e até percebi rapidamente que as coisas entre nós nunca poderiam resultar sem que alguém ficasse aquém dos seus objectivos na vida. Somos demasiado diferentes em demasiados aspectos. Tiveste uma lucidez maior que a minha, ou talvez a minha teimosia tivesse sido maior. Percebi que o enorme sentimento que tive por ti talvez não tivesse sido por TI, mas pela situação gerada. Talvez me tenha apaixonado pelas hipóteses, pela paixão que tiveste por mim, pelos muitos inegáveis fantásticos momentos que vivemos. É difícil definir sentimentos e chamar nomes às coisas. Se o tempo tivesse parado, provavelmente continuaria a chamar-lhe amor. Não sei… Mas quero que tenhas presente que nunca tive noção da diferença enquanto estive contigo; cada beijo, cada palavra, foi tudo verdadeiro e sentido, de coração puro. Fui tua, só tua, do primeiro ao último dia dos quase 5 anos que partilhámos.


A percepção da diferença veio depois, inesperadamente. A magnitude dos sentimentos (ainda que também a estes não os consiga definir) abateu-se sobre mim, acho que também sabes com quem. E não sem uma generosa dose de espanto, de incredulidade. Só prova que afinal conhecias-me profundamente. Independentemente do que possas ter pensado, foram sucessões de acasos que em ocasião alguma visaram atingir-te ou magoar-te, nada foi planeado ou sequer previsível. Foste tu que de repente me excluíste da tua vida, não deveria existir lugar a mágoas, certo? Se porventura ficaste magoado, só posso dizer que lamento. E sim, tinhas razão, ele é perfeito para mim. Fizemos uma viagem onde podia caber uma vida inteira, uma vida passada, em que tudo mudou para sempre. Em que eu mudei, cresci, aprendi tanto. Hoje sou uma pessoa tão diferente de quem conheceste… Tão mais consciente. E tão mais EU.


 


Espero que estejas bem e que saibas que, apesar dos pesares, se alguma vez precisares de mim para o que quer que seja, não te vou negar a amizade, a que dizias querer manter mas cuja hipótese te apavorou. (Sim, já sei que vais negar. Eu também te conheço bem.) Não condeno; É difícil gerir sentimentos, sobretudo quando se age contra a sua natureza.


 


Ia escrever-te uma mensagem sucinta e que acabou por ser uma declaração de (bons) sentimentos. Algumas coisas nunca mudam. :)


 


Fica bem. Um abraço,"


 


ipsis verbis... Feliz Aniversário!


 

Acredito que as pessoas, na sua essência, não mudam. Querendo, podem limar-se arestas aqui ou ali, acontece a maturidade e as escolhas que se fazem, mas nos alicerces que nos fazem ser quem somos não há volta a dar-lhe. Estes alicerces manifestam-se cedo, fruto do que vamos conseguindo colher do que nos rodeia, aprendizagens, exemplos, fruto das heranças que carregamos, do contexto em que somos despejados. Ser quem somos, como um fardo indissociável da identidade. Nem sempre fácil, mas dos poucos incontornáveis da vivência, mais que da vida, de cada um, por muito que se tente fugir da própria sombra.

 



I wish you could adore


The way you did before

Now you're living through another year

Oh, the light you were

Will soon become a blur

As you're living through another year

Oh, what a waste of time it is

To indulge inside of bliss

Getting ready for another year like this

Another year to lie

Another year goes by

You're not sick, so you can't heal

But I wonder do you feel

The need to cry: 'I'm out of here'

Oh, your goal is safe

But is it all you crave

As you're living through another year

Oh, what a waste of time it is

To indulge inside of bliss

Getting ready for another year like this

Another year to lie

Another year goes by

Is it me who cannot see

The face of mediocrity

I try to smile you see

Your lightness darkens me

Filter all of your emotions.

Fake you're never low

Or face the one you fear

You're living through another year

Another year to lie

Another year goes by