Estragaste tudo no último dia. Estava tudo a correr tão bem, foi sempre bonito. Com altos e baixos, com zangas e dúvidas, naturalmente. Mas foi bom. Sempre encontrei no teu sorriso e nos teus braços um conforto familiar. Sempre fomos amigos. Mas nunca fomos muito mais que isso.
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Não mesmo. Podem fechar-se portas, podem quebrar-se os elos virtuais, pode fingir-se que nunca aconteceram os telefonemas aflitos, de preocupação e de carinho, pode nunca mais ter-se entornado uma palavra honesta, podem queimar-se as fotografias, pode seguir-se em frente de queixo muito erguido e sem olhar para trás. Poder, pode. Mas o que somos é também o que fomos uns para os outros. Era mais bonito trocar um sorriso e fazer de conta que tudo está sanado, desejar feliz ano novo e mandar sms de parabéns, era. Mas talvez porque isso nunca faria jus ao que foi, talvez porque tenha sido tão mais bonito, talvez porque se dermos bem conta da ocorrência sente-se-lhe a falta. Bonito é guardar as pessoas bonitas, mesmo que a estória não tenha tido um final bonito, ainda não.
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É difícil, assim. Nunca tive jeito para trapezista. Mas se o caminho era uma corda suspensa entre o teu mundo e o meu, como não ir? Sem rede, naturalmente, que as redes são planos B esburacados. Tem de ser sempre o tudo ou o nada. Se a meio caminho a corda passa a arame farpado, é criar calo e seguir. Sempre firme. Até que outro caminho me desvie. Sabes que sou irremediavelmente apaixonada por desvios da rota, por estar perdida em becos misteriosos. E por quem caminhe destemido a meu lado.
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Há qualquer coisa nos primeiros beijos que nunca se esquece. A emoção, a surpresa, a interrogação...
É que os beijos falam, dizem coisas que as palavras não podem, dizem ao que vêm e as promessas que trazem. Acho mesmo que os primeiros beijos retratam aquilo em que as relações se tornam...
O meu primeiro beijo dos primeiros beijos foi sôfrego de tanta ansiedade, foi diferente do que havia imaginado, não foi doce e mágico e puro e tímido. Mas foi o primeiro e jamais o esquecerei. Uns anos depois chegou o primeiro beijo terno e carinhoso e quase escondido, de surpresa, como se quer. O mais cinematográfico dos meus primeiros beijos foi num hospital, cheio de paixão e encanto e analgesia, e marcou um amor cúmplice muito bonito, um amor que também terminou com um beijo de despedida. E o meu favorito dos primeiros beijos foi na bochecha (imagine-se!), às escuras, com tanta ternura e carinhos na ponta dos dedos que só não pareceu mais irreal porque o cenário era do mais insólito que há memória. E recordo os que se lhe seguiram, recordo o que eles diziam e o que tentavam calar. E já não sei onde meti as memórias do último, talvez de tanto desejar que não o tivesse sido.
E depois há os beijos que ficaram por trocar, e esses dizem estórias de mil e uma noites que mais vale calar.
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"It may be that the satisfaction I need depends on my going away, so that when I’ve gone and come back, I’ll find it at home.” - Rumi
It may be I'm just running, it may be I'll never come back. It may be I find home somewhere else. It may be all I ever needed is just somewhere I can't reach, for it is not in a place or a job or a thrill or a path. It may be that you are the one missing piece I lost for good and going away doesn't change anything. I won't stop missing you, you won't forgive, you'll never think of me again and I'll never give you my love. It may be that the Universe won't collapse with this total absence of logic and magic and it just may be we'll have another chance in another lifetime.
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Não me venhas espiar as sílabas, não. Continua a fingir que cessei de existir e segue sem o entrave que fui eu. Segue rápido e feliz e vive tudo o que procuravas na fuga de mim. Não me venhas tomar o cheiro quando em vez, saber se já morri ou me tornei em quem não reconheces. Não me visites amiúde, não te quero aqui. Não sintas a temperatura a ver se está frio o suficiente para não queimar, ou morno o suficiente para te tirar o gelo do coração. Não te escondas debaixo desse manto de invisibilidade presunçosa que, sabes, não funciona comigo. Não vás retirando sanções até te julgares no direito de apagar o passado. Não. Deixa o tempo passar devagar. Quando me sentires a falta, não de quem preencha a minha vaga nas funções, mas de MIM, virás. Nesse dia, ler-me-ás de rajada e recordarás cada momento como um tempo que cristalizou. Far-se-á Luz na caverna escura de ti e o degelo será um flash. Nesse dia, se o dia chegar, entornarás significados antigos que evitaste e tudo será claro e límpido como a verdade que te vai ensurdecer. E nesse dia vais procurar por mim. Em cada rosto, em cada palavra, em cada um dos pequenos vazios dentro de ti, em cada saudade que descobrires. Vais ensaiar aproximações, negociá-las com o medo da rejeição. Eu não sei onde vou estar. Só sei que não estarei onde me deixaste, naquele sítio onde cabiam o teu mundo e o meu, onde tudo estava por ser. Não vou regressar a esse sítio nunca mais. Não acredito em regressos. Só acredito no infinito e em mim.
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Face your fears, look them in the eyes.
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Pára tudo! No meio das nuvens autoritárias e espessas, Ventania viu uma luz, como se um relâmpago lhe acertasse na testa.
O que raio ando eu a fazer da minha vida? Que incapaz resignação é esta, que me deixa prostrada entre memórias de circunstâncias e sonhos ficcionados? Eu valho muito mais do que viver em suspenso, à espera de decisões que não se podem decidir. Pronto, encontrei um tipo que me virou a vida, coração, cabeça e entranhas do avesso. Amo-o, com certezas e convicções maiores que o Sol e a Lua. Ele não me ama. Ponto final. Pior, ele não me ama mas usou-me, magoou-me, mudou de ideias demasiadas vezes, recorreu a mim para mais do que podia ter ousado. Disse-me que não e de seguida chamou-me. E eu fui. Seguindo sempre um chamamento duma força maior que o raciocínio, que o instinto, que o desejo. Uma e outra vez a estória a repetir-se. Ele chamava, eu ia, ele repelia. E eu iria sempre, continuaria a ir, ciente dos riscos, a fazer equilibrismo sem rede num pedaço desfiado de esperança. Nunca acreditei que fosse só amizade. Tricotei-lhe desculpas, pretextos do passado, do presente. Mas nunca acreditei. Quem não ama, incerto que esteja, inseguro que seja, não envereda por caminhos sinuosos que desembocam em mágoas comuns. Os erros... Errar, todos erramos. Repetir os erros, tantas vezes, tem de ter uma contrapartida muito forte. Nunca foi uma simples amizade. É uma crença minha, uma fé. Mas eu sou mais racional e pouco atreita a convicções sem factos.
Não mereço sufocar num sofrimento contínuo por não o ter mais. Fizeram-me coisas feias, coisas injustas. Perdi um amigo, um dos melhores. Acusou-me de ser um entrave à felicidade dele. Mas ele não sabe nada... Tolo. Se só vê o que querem que veja, se não suspeita da enormidade deste último erro, realmente não sabe mais que as sombras. Tenho saudades dele, a cada dia, em crescendo. Ter saudades é sentir dor na ausência, é não me contentar com as memórias, é desejar nunca repetir, mas fazer mais, ir mais além. É querer enviar o coração para dentro do dele e ali render-me.
Já chega. Mereço mais do que isto. Ele pode ser o melhor do mundo (até agora), mas não me quer. E eu sou mais importante que ele, serei sempre. No centro da minha vida, EU. E sou maior do que ela, a que ele procura em todas, por razões que não merecem ser lembradas. E eu não tenho o direito de me negar à vida. Sou uma mulher inteira, resolvida, interessante, independente, inteligente, densa, cheia de ambições maiores do que o mundo. Não vou deixar a vida passar-me ao lado. As oportunidades. Não posso continuar a rejeitar cada olhar como se fosse uma maldição. Ele não me merece, neste momento, nem de empréstimo, e eu não sei dar-me sem ser completamente.
Se consigo viver sem ele (em oposição a sobreviver)? Claro que sim. Eu acredito, luto para acreditar. Se é já hoje? Claro que não. É que “sem ele” significa mais do que sem o amor dele. É sem ele, a pessoa extraordinária que ele é, o amigo maravilhoso que ele é, a pessoa espantosa que iluminou as minhas descrenças e me provou que os sonhos se tornam realidade. “Sem ele” significa que no lugar dele reside uma ausência que lamento profundamente, residem mágoas e ofensas, e reside a lembrança duma oportunidade falhada, negada. A impossibilidade de alcançar o impossível. Tenho de lamber as feridas, canalizar raiva, desgosto e pesar para o mesmo luto. Tenho de calar as fotografias, as palavras escritas e ditas, os olhares e cheiros e lugares. Tenho de pegar em cada um dos mil pedacinhos estilhaçados e começar a reconstrução. Tenho de afastar as tentações e resistir. Tenho de me fazer prometer.
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É um pedacinho pequenino que falta. Coisa pouca, de entre o tudo que tenho e tive. Já tive a amizade, a cumplicidade, o companheirismo, o corpo, os risos, as lágrimas, a sede. Já o tive abraçado, enrolado ao coração, no frio, no calor e debaixo de água. Tantas vezes lhe ajeitei o cabelo, nos demos as mãos, nos rimos e nos abrimos. Beijei-lhe as pálpebras, os pés, o pescoço e o umbigo. Quilómetros de palavras desfolhadas, de passos lado a lado. Inícios, despedidas, recomeços. Convites, jantares, músicas. O que ficou a faltar? O passo em frente, o risco último, a tentativa de elevar tudo à 9ª potência, que nenhum de nós se contenta com pouco. E é por isso que aqui estou presa, não sei desistir antes de dar o tudo por tudo, o último fôlego. Ficou a faltar a oportunidade de ser a sério, sem regras, inteiro. Tudo o que foi, não passou dum ensaio tímido e a meio-gás, um pálido esboço cheio de amarras e impedimentos. Medo de falhar, medo de resultar, medo de perder o que foi recusado. Nunca pedi mais nada e não está fácil de recuar...
...
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As diferenças são muitas e nítidas. Sem ti acordo à mesma a pensar em ti, venho do sonho onde ainda te posso ver e vou para cada novo dia como se fosse para o cadafalso, onde tu não estás. Acordo com um esboço de sorriso e assim que percebo que as facas penduradas no tecto roçam-me os ombros com apenas memórias e nada mais, o sorriso dá lugar a um esgar de solidão. Nunca fui tão infeliz, se queres saber. Sem ti, preparo-me todos os dias para poder encontrar-te e o céu mudar. Disfarço as olheiras, ponho o mais doce perfume e a melhor lingerie. O meu coração pula quando a campainha toca, num misto de pânico e esperança que sejas tu. Ou quando vejo na rua alguém com semelhanças contigo, ou de cada vez que passo perto da tua porta. Sem ti sonho menos com o futuro e mais com o passado. Durmo mais, muito mais. Não tenho com quem deitar conversa fora até às 2 a.m. em school nights, já ninguém me recomenda filmes e notícias de jornal. Sem ti tenho pouca vontade de fazer planos, ou de ser espontânea. Sem ti, a lua continua a pedir para ser fotografada, mas eu já não to digo. Todas as canções são lamentos. Já vou tentando dormir no outro lado da cama, o que reservei só para ti. Já não questiono os porquês e termino sempre com pontos finais. Quando fecho os olhos estás lá, e quando os abro tenho vontade de correr para ti. Sem ti é mais difícil rir, porque mais ninguém tem as tuas piadas. Sem ti tenho as mesmas saudades tuas que tinha contigo, mas doem noutros sítios que eu desconhecia existirem. E ninguém me magoa como tu magoavas. Ainda não passou um dia em que conseguisse não derramar lágrimas impulsivas. Sem ti, não muda nada. Só a tua ausência em mim.
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Ela ancorou. Ou naufragou. Não se sabe, mas sabe-se que já não navega livre, como as gaivotas que admira no cais. Ela nunca larga o leme, agarra-o com a sofreguidão de quem acredita que escreve o destino e traça a sua rota sem compasso.
A última coisa que lhe passa nos planos é tornar-se um destroço abandonado, mas sabe que não vai aparecer nenhuma equipa de buscas para a salvar. Ela quer salvar-se a ela própria, mas não consegue içar aquela âncora.
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Hoje pensei nos erros que me dizem que cometi. Há erros que não o podem ser, fizeram-me feliz. Faria tudo de novo e repetia se pudesse.
E também há erros que o são, e que ainda assim repeti. Hoje, faz sentido recuperar isto.
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This year, the next, the next...
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assim todos duma vez, que estou com pressa. Todos daqui. Faz ou não faz sentido? Venham lá todos dizer-me que não, que sou louca, que tenho de me acalmar e sonhar o que toda a gente devia sonhar, que estou a cometer um grande erro, que não vou ser capaz de enfrentar tudo sozinha, que devia era encolher-me, fugir e fingir que não se passou nada. Força, atrevam-se. Digam-me que me acham desequilibrada, doida, que desafio a lógica e as forças do universo, que vou magoar-me mais, que não estou a considerar as consequências. Que estou a condenar-me a uma solidão devastadora, mascarada de sacrifícios. Digam-me na cara o que pensam, mas não encolham os ombros com receio e pena e com olhos lacrimosos. Não me dêem palavras de conforto, que o meu conforto é a verdade. Não me falem de justiça e de mundos perfeitos. Há coisas maiores que o mundo e este que temos é cheio de falhas.
I'm doing it.
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Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
I miss your smile...
I miss your light...
I miss you...
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Antes vazio e parado que cheio de enganos e corrosivas ilusões.
'Tá estragado, não há sobresselente nem recauchutagem possível. Antes apeado que a derrapar nos óleos alheios.
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When no means no;
When forever means forever;
When never again means never again.
Right here, beneath all of the growing pains, nobody hides, nobody is undercover.