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Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

Ventania

Na margem certa da vida, a esquerda.

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A repressão dos tempos modernos, no meu local de trabalho e por parte da minha chefia, faz-se assim, com toda a classe e inegável fineza (not!). Sempre que as conversas entre colegas são consideradas inoportunas (que é quase sempre que não envolva directamente a pessoa em questão), são soltos profundos suspiros. Quem não conhecesse a peça pensaria que era paixão assolapada, daquela que aperta o peito e faz suspirar.

Pior ainda é quando as conversas alheias tomam um rumo que desagrada, seja pelo seu teor político (nestes casos sou eu a culpada 90% das vezes), anti-religioso (hmmm, 90% das vezes também serei eu) ou críticas a decisões da empresa. Nestes casos surge um pesado catarro de fumador (estranho sintoma para quem nunca fumou), intencionalmente sobrepondo-se às demais vozes. Escusado será dizer que se o efeito pretendia ser apaziguar as conversas ou o seu tom, tem o efeito precisamente oposto, já que toda a gente nota a reacção estapafúrdia e torna-se por demais divertido observar estas cenas quase pavlovianas.

A Mercadona é uma cadeia espanhola de supermercados conhecidos pelos seus baixos preços e que tem uma verdadeira legião de fãs. Que é como quem diz, a Mercadona está para o grande consumo como a Primark está para o pronto-a-vestir. Entre os produtos mais aclamados estão os variadíssimos produtos de higiene e cosmética, que fazem as delícias de pelintras lavadinh@s e vaidos@s. Como está fácil de adivinhar,  cá em casa também somos fãs.


O único inconveniente é que, por enquanto, lojas Mercadona só há em Espanha, mas já estão previstas 5 novas lojas em Portugal, inicialmente previstas para 2019, mas talvez seja mais cedo, contam-me fontes fiáveis. Parece que as primeiras lojas a abrir serão no norte.


Até lá, pessoalmente continuarei a fazer questão de ir a uma Mercadona sempre que possa, reabastecer-me de alguns itens realmente óptimos, dos quais destaco:



  • frascos enormes de canela em pó

  • frutos secos a preços bem simpáticos

  • desodorizantes

  • champôs e geles (sim, é a forma correcta do plural de gel) de banho em embalagens familiares

  • cremes e loções hidratantes

  • leites e tónicos desmaquilhantes

  • água micelar

  • gel de aloé (calmante)


Na empresa multinacional em que trabalho já há algum tempo, há aumentos salariais todos os anos, ou tem havido. A bem da justiça, creio que hoje em dia é rara a empresa que o faz. Contudo, não se pense que os aumentos são significativos, longe disso. Muitas vezes o aumento não é suficiente sequer para acompanhar a inflação. Mas o grande busílis é que os aumentos não são iguais para todos os trabalhadores, nem dentro de cada categoria profissional, nem coisa nenhuma. Aliás, uma das lutas antigas dentro da empresa é pela equidade salarial, já que as diferenças de salário entre trabalhadores da mesma categoria profissional podem ser abissais, com diferenças de mais de 300%. A direcção da empresa usa este facto para aproveitar a distribuição de aumentos para alegar que esta distribuição serve como ferramenta para diminuir as diferenças. Ora, como é fácil de ver, com aumentos que têm andado, em média, em volta do 1%, tentar ajustar diferenças salariais que por vezes chegam a mais de mil euros mensais, a este ritmo, daqui por 2 séculos ainda estaríamos sensivelmente no mesmo sitio. Depois, há mais uma agravante, que é o facto da direcção alegar (contudo, sem conseguir provar) que os aumentos salariais estão relacionados com a avaliação de desempenho. Ou seja, dizem também que os aumentos não são iguais para todos porque uns são melhores que outros, argumento que simplesmente cai por terra quando trabalhadores que têm uma avaliação de desempenho muito acima da média, e mesmo acima dos 100%, têm aumentos salariais abaixo da média. Este exemplo é o meu próprio, pelo que sei do que falo. A comunicação dos aumentos salariais anuais costumava ser feita à porta fechada e individualmente, pelo que cada um sabia exactamente qual o montante do aumento e ainda tinha alguma hipótese de, não mudar a decisão, que é apresentada como facto consumado e incontornável, mas pelo menos manifestar a sua opinião, colocar questões, etc. Este ano porém, a comunicação foi feita de forma ainda mais caricata e, na minha opinião, desrespeitosa. No departamento em que exerço funções actualmente, há várias equipas organizadas em Ilhas de 2-4 pessoas cada, num open space, e o director tem um gabinete dentro da mesma sala. Uma das equipas é composta por 8 pessoas, distribuídas por duas ilhas intercaladas com outra. O chefe dessa equipa comunicou os aumentos aproximando-se de cada uma das ilhas e dizendo que os aumentos rondavam o 1%, um pouco mais para uns, um pouco menos para outros. O aumento do subsídio de alimentação foi de 13 cêntimos. Vocês já sabem como estas coisas são. Assim. Em grupo e voz alta, mas sem esclarecer nada. A comunicação à minha equipa conseguiu ser feita de forma ainda mais caricata. A chefia, poucos minutos depois desta cena, chegou-se mais perto de nós e disse isto, ipsis verbis: "Bem, ouviram o que o sr. X disse, não foi? Pronto, aplica-se. Portanto, aquela compra que andavam a adiar à espera do aumento... Ainda não vai ser agora" (entre risos típicos de quem não faz a menor ideia do que é ser chefe e da sensibilidade do tema). Não chegando o descabimento destas comunicações, aparentemente até tivemos sorte, pois colegas há na mesma sala que nem tiveram direito a comunicação alguma. Para acrescentar dois pequenos pormenores à narrativa, cumpre explicar que: Tudo isto se passou vários dias após termos recebido o salário, já com o devido aumento (para quem o teve); Os recibos de ordenado são entregues em mão, todos os meses (a versão digital demora cerca de um mês e meio, que está ainda é uma daquelas empresas dependentes do papel), normalmente logo a seguir a recebemos, mas este mês os recibos chegaram num dia à chefia, mas às nossas mãos ainda tardaram 5 dias...

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É verdade. Continuo a odiar a Fertagus. Às normais horas de ponta a coisa já é difícil, irritante, incómoda, cheia de gente, muito cheia de gente, com pouco espaço, cara. Mas pensava (pensava mesmo, sou tão ingénua!) que antes e depois a coisa marchava com mais facilidade. Mas consegue ser pior.

 

Chegar à estação antes das 7, com alguma pressa. Não ter bilhete. A bilheteira está fechada. Vou às máquinas, no outro extremo da estação. Mete cartão, escolhe bilhete, escolhe trajecto, escolhe quantidade, escolhe com NIF, o teclado está perro, repete o NIF. Paga. Não tenho moedas, não faz mal, a máquina aceita notas de 5, 10 e 20. Tenho uma nota de 20. Afinal a máquina não gosta das notas de 20, só tem troco se for nota de 10. Não tenho mais nenhuma nota, experimento a máquina do lado. Mete cartão, escolhe bilhete, escolhe trajecto, escolhe quantidade, escolhe com NIF, o teclado está perro, repete o NIF. Paga. A máquina também não gosta da nota de 20. A pessoa atrás de mim na fila confirma que as máquinas nunca deram para as notas de 20, não se percebe porque é que têm indicação das notas de 20 como aceites... Volta para trás, vai ao Multibanco, espera na fila, procura cartão, continua a esperar. Mete cartão, mete pin, escolhe operação, escolhe levantamento, escolhe valor: 10€. Volta para trás, mete cartão na máquina da Fertagus, escolhe bilhete, escolhe trajecto, escolhe quantidade, escolhe com NIF, o teclado está perro, repete o NIF. Paga com os 10 euros, sai o jackpot, moedas por todo o lado, agarra o talão, agarra as moedas, agarra o cartão. Comboio quase a chegar. Cartão dá erro de leitura. Outra vez. Parece que a culpa é da bagagem que está em frente ao sensor. Passa finalmente. Desce as escadas, o comboio chegou, já vem cheio, porra. Entra no comboio, encontra um lugar, tira a mochila, mete mala ao colo, mochila de lado. Encolhe joelhos para outra pessoa passar. Joelhos da frente a roçar nos meus joelhos. Pessoas por todo o lado, nos corredores, nos degraus. Entram mais e mais pessoas na estação seguinte e a minha mente divaga sobre a dinâmica de fluidos e a arrumação de passageiros nas carruagens. Chego ao destino. O intervalo entre o comboio e a plataforma é enorme, não sei como não há gente a esbardalhar-se ali a toda a hora. Escadas rolantes paradas. Odeio a Fertagus!

Ambientador ecológico e low cost, e ainda uma maneira de reutilizar uma das maiores maravilhas da natureza no que aos aromas diz respeito, quem quer?


 


Falo de uma solução caseira usando paus de canela, esse ingrediente fantástico existente em qualquer cozinha. Eu sou suspeita para falar, porque a canela é um dos meus aromas e sabores de eleição, mas desde que tive esta brilhante ideia não quero outra coisa.


Perfeito para borrifar na cozinha, sobretudo depois de cozinharmos coisas que deixam um odor persistente no ar, como caril, mas também ideal para ser usado na casa de banho e deixar um cheirinho fresco, ou em qualquer divisão da casa, e mesmo nos armários de sapatos, por exemplo.



 




Como fazer? Colocando em uso a política dos 3 Rs:


- Reduzir o consumo de sprays nocivos para o ambiente, bastando para tal não os comprar! ;-)


- Reutilizar um frasco borrifador (eu uso uns de um produto para o cabelo, mas qualquer um que permita abrir e encher serve, enquanto o borrifador estiver a funcionar).


- Reciclar, dar um novo uso a algo que já foi usado. Neste caso, a paus de canela que já passaram por um gostoso arroz doce, ou um chá, o que seja.


Lavar 2 ou 3 paus de canela em água, esfregar com os dedos se for necessário para retirar eventuais resíduos de comida. Depois, deitá-los no frasco borrifador. Encher com álcool etílico.
Depois é deixar a macerar uns dias, até o álcool ficar amarelo (quanto mais tempo passar, mais intenso ficará o aroma e a cor), e utilizar sempre que quisermos.


Uma óptima variação é acrescentar uns cravinhos da Índia (deixa um cheirinho exótico mesmo bom), mas o melhor mesmo é ir fazendo experiências com outros ingredientes, como cascas de limão ou laranja (só a parte vítrea), sacos usados de chás e infusões daqueles nem aromáticos (menta, baunilha), rodelas de gengibre...

Já sabeis que aqui em casa somos pelintras, vulgo classe média, e temos mais onde gastar o salário que em coisas supérfluas. Bem, o homem perdeu a cabeça e comprou um telefone esperto pelo mesmo preço a que eu já vi carros. Mas foi seguramente com os rendimentos das suas contas nas Ilhas Caimão ou algo do género. Adiante. Isto tudo para dizer que eu gostava de ter uma Bimby para deixar de ser bimba, mas achar o preço absolutamente obsceno. Por mais de mil euros, só se também fosse ao supermercado sozinha, descascasse fruta e legumes e pusesse a mesa.


Posto isto, ando há largos meses a namorar as alternativas low cost (mais ou menos). A Yämmi é bem mais baratinha, mas 350 paus ainda me davam para uma semana fora num sítio catita. Pensei, há tempos, em ir a correr aproveitar um daqueles descontos da Worten de x (acho que eram 20) % em tudo. Claro que os senhores da Sonae pensam que são mais espertos que o resto do mundo e, sendo a Yämmi de venda exclusiva na Worten e no Continente, deu-se o milagre de no dia em questão - vejam lá a pontaria - a Yämmi estar esgotada na Worten. Claro. Curioso que logo ao lado no Continente estivessem umas dezenas empilhadas e uma senhora a fazer demonstrações e tudo. Sem qualquer desconto, está claro. Fiquei fula e decidi que ia esquecer a ideia até que o preço caísse para metade.


Agora está a menos de metade: até ao final do ano, custa 150€, valor que pode ser usado integralmente como desconto se em 2016 se quiser trocar pelo novo modelo que sairá na altura. O preço do novo modelo ainda não foi divulgado, claro.



O problema agora é: e onde páram as máquinas a 150€? Vou ao Continente, dizem "ah, já houve mas já vendemos todas esta manhã". Na Worten, nem cheiro delas. E online, isto: "temporariamente indisponível". Sendo que o preço maravilha é válido até ao final do ano, vou tentando a minha sorte, mas desconfiada... Será que alguém por aí consegue testemunhar que isto é real e não mais uma golpada da Sonae?


Entretanto vão surgindo outros modelos de robots de cozinha equivalentes (no Lidl e Aldi por cerca de 200€, no Pingo Doce por cerca de 400€) e estou a ponderar se não devia mesmo avançar, até porque tenho confiança nos electrodomésticos do Lidl (até agora tenho tido boas experiências, até computadores ja comprei lá). Dilemas, dilemas...


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Se sofrem, como eu, deste flagelo que é a pele oleosa, mas mesmo oleosa, partilham da minha dor. Deve ser uma minoria, mas garanto que há peles assim, cheia de brilhos incontroláveis, que não toleram cremes, no geral, e ainda por cima são bastante sensíveis. Eles podem ser cremes apenas hidratantes e hipoalergénicos, desenhados especificamente para peles oleosas, com efeito matificante e quase sempre caríssimos. Podem ser em formato gel para ser ainda menos agressivos. Podem ser linhas XPTO feitas para peles adolescentes com acne. Ou bases milagrosas aclamadas por meio mundo, supostamente perfeitas para peles muito oleosas. Não resultam. Comigo, não resultam. Só me dão uma sensação nada fresca e bastante peganhenta de quem tem a cara a escorrer nhanha.


E depois, o Verão. O calor e o Sol podem ser muito desejados por quase todos, mas para a minha pele são o desastre absoluto. Torna-se ainda mais fácil que num instante a zona T fique a brilhar como os biceps dos halterofilistas.


 


Há, contudo, boas notícias. Finalmente, após mais de 20 anos de experiências científicas exaustivas e muitos testes (sempre no mesmo animal - moi même), estou capaz de dizer “eureka! - encontrei a solução!”. Obviamente, é a minha solução, o que funciona comigo, é natural que não funcione da mesma maneira para o resto do mundo. Contudo, pela primeira vez na minha vidinha de blogger (e já lá vai mais de uma década, hein) vou partilhar as minhas "dicas de beleza". Não tornam ninguém mais belo (ohhhh!) mas pode ser que seja útil para alguma alminha gorduroooosaaaa necessitada que por aqui passe.


Vamos por partes, começando pelo princípio (que original!) e pelo mais importante: Lavar.


(Ah, e não, este post não é patrocinado! O que é pena.)



Lavar/Limpar


“Ai que os detergentes são tão agressivos, ai que a água seca a pele” e beca beca. Tretas. Não há leite, tónico ou água micelar (faz-me sempre pensar em sopa de cogumelos) que supere uma lavagem como deve ser e com a frescura da água. Pelo menos ao acordar e antes de dormir. A primeira coisa que faço quando chego a casa depois de um dia de trabalho é descalçar-me, a segunda é lavar a cara, com a ajuda de uma esponjinha ou escova própria para massajar e, em simultâneo, retirar o excesso de células mortas e sujidades. Há líquidos próprios para lavar as peles oleosas e alguns até são bons: dou-me muito bem com os da Bioderma, que são caros p’ra caraças – mas na Polónia são a metade do preço, quando lá fui trouxe 2 ou 3 embalagens para stock!


MAS... para mim a melhor solução é mesmo o bom do sabão offenbach artesanal (da cor do meu coração, ou seja, azul e branco ou ainda na variante rosa e branco). O sabão de Marselha também é muito bom, se for artesanal. Atenção que nem todos os sabões são seguros para usar na pele, sobretudo a mais sensível – quanto menos aditivos, perfumes e “extras” tiver, melhor. Eu comprava os do meu supermercado alemão favorito, mas descobri um sítio em que é ainda mais barato.


Sabonetes, há alguns também bastante bons para a (minha) pele: os de alcatrão vegetal e os sabonetes ayurvédicos. Destes últimos, os indianos Medimix (ali na imagem) são para lá de espectacular. Aquando da minha viagem à Índia, antes de me vir embora, agarrei no equivalente a 5 € e trouxe um saco deles, que ando a racionar desde então.


A esfoliação também faz parte integrante das minhas rotinas. Como tenho pele com tendências acneicas, são frequentes os odiosos pontos negros e brancos, e para prevenir e dar cabo deles o melhor é mesmo a bela acção mecânica. Além da escovinha que mencionei acima (a higiene da mesma tem de ser a mais cuidada possível!), esponjas e produtos com acção mais abrasiva (ou em versão low cost, açúcar) são essenciais. Cuidado para não esfoliarem demais, como me acontece por vezes, e acabarem com a pele magoada.


 


 

Discussões destas acontecem muitas vezes cá em casa. Como habitualmente, eu tenho razão e ele não.  Ele gosta de espetar copos nos separadores de pratos e preencher o tabuleiro superior com tupperwares ao molho. Claro que a lavagem sai uma bela bosta. 



 


Como fazer bem, de forma económica:


 


1 – Limpar os restos de comida, mas sem água (basta raspar e, se necessário, usar um guardanapo usado)


2 – Usar o programa adequado. Se não temos tachos com restos de comida ressequidos, não precisamos da pré-lavagem; se só temos copos e talheres, basta o programa mais curto. 


3 – A poupança de energia, água, detergente passa pela primeira regra dos 3 R: reduzir. Ou seja, ligar a máquina (como qualquer outra) só quando está cheia (e aqui volta a ser necessário ter em conta o 1º ponto, porque se ficarem resíduos grandes na loiça e tivermos de esperar 3 ou mais dias para ligar a máquina, esses resíduos vão ficar ressequidos e são muito mais difíceis de lavar).


4 – O ponto da discórdia: acomodar a loiça correctamente nos locais destinados a cada tipo de loiça. Pratos e copos bem colocados serão bem lavados. Se as peças ficarem dispostas ao monte e sem regras vai ficar qualquer coisa que não apanha água e não vai ficar lavada. Eu costumo organizar os talheres nas divisórias (garfos com garfos, facas com facas, etc.) porque fica mais rápido de arrumar na gaveta. Tentar não sobrepor objectos larcos em cima de outros, de forma a não obstruir o acesso da água.


5 – O que não lavar na máquina: loiças antigas e com pinturas ou frisos, peças de madeira ou de plástico fino (pode derreter e deformar).


6 – Usar detergentes específicos para máquina. Ultimamente tenho usado só pastilhas tudo-em-um, que mais cedo ou mais tarde surgem num supermercado com desconto de 50% (só compro nestas condições e, como posso fazer um pequeno stock na arrecadação, compro normalmente duas embalagens de cada vez).

Já pensei seriamente em fazer aconselhamento a famílias sobre onde poupar. Consulta única, 50 "aérios", eu vejo as contas do mês e digo exactamente onde se pode poupar, e muito.

 

Afinal, sou perita. Vou contar em traços largos porque digo isto e já seguimos o tema.

 

Nasci pobre e a tendência não tem sido melhorar. Nunca fui habituada a luxos em coisa nenhuma mas nunca me faltou nada indispensável. Quando era miúda precisava de pôr aparelho nos dentes, era muito caro e os meus pais trabalharam a vida toda (desde a pré-adolescência) e não conseguiram fazer esse esforço. Tudo bem, aguentei-me à bronca e com o advento ortodôntico low-cost tratei do assunto há alguns meses. Precisava de fazer uma cirurgia enorme, em escala de risco/delicadeza/impacto e idem em escala de preço - no valor de algo como metade dum apartamento como o meu (estamos a falar de várias dezenas de milhar de euro) no privado, que é onde está o "melhor médico". Em tratando-se da minha saúde e da delicadeza da operação, quis o melhor e nada menos que o melhor, uma excepção à minha regra. E também esperei por ter alternativa (leia-se seguro de saúde) para me escapar ao total e pagar a custo a minha parte da coisa (em prestações, o que também é excepcional para a minha conduta económica).

 

Ambos os meus pais nasceram pobres (não é remediados, quero mesmo dizer pobres, do género "há uma sardinha para o jantar de três") e foram escapando a pulso, com muito trabalho e sem grandes chances de estudar. Revolução, etc. e tal, eventualmente conseguem o conforto de alugar um apartamento e procriar. Tudo o que têm foi ganho com trabalho, muito trabalho e eu aprendi o valor do dinheiro. Talvez por isso mesmo, nunca lhes pedi nada. Até porque tinha tudo. Educação, amor e carinho. E isso é tudo. Nunca andei em colégios privados, nunca tive roupa de marca nem nada dessas mariquices. Fui bem educada, incutiram-me valores que continuam a ser os meus pilares, sempre fui aluna exemplar, pelo que não tenho qualquer dúvida que nada disso me fez falta ou pode fazer a alguém. As férias de verão significavam passear Portugal fora, de opel corsa com os 5 lugares ocupados, durante 3 ou 4 dias. E eram belas férias, que me deram a conhecer o meu país de lés a lés e alimentaram o bichinho (que entretanto se tornou um monstro) de sair sem rumo e chegar aonde a estrada levar, de improvisar, de descobrir tascas castiças e gente bonita. Cresci e fui a primeira da família directa a frequentar uma universidade. Segui o coração e calhou ir para o mais belo curso do mundo e o único que poderia encher-me as medidas mas que tem empregabilidade zero.