Um bom orgasmo é aquele que faz os novos vizinhos do lado baterem três vezes na parede.
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Um bom orgasmo é aquele que faz os novos vizinhos do lado baterem três vezes na parede.
Os vizinhos mudaram-se.
É toda uma nova experiência viver aqui sem partilhar uma parede com aquelas pessoas fofinhas. Já não se entra em casa com sacos de lixo ou sapatos alheios à porta, já ninguém grita hstericamente "CAAAAAAAALAAAAA-TE CABRÃÃÃÃÃOOOOOO!" quando o recém-nascido chora, nunca mais houve um puto de 8 anos sentado no nosso tapete de entrada a ser calçado pelo "pior pai do mundo".
A nossa vida agora é um marasmo. Se não pusermos despertador até corremos o risco de acordar ao meio-dia aos fins-de-semana, porque já não há aquela emoção da berraria de sábado às 8 ou as portas de armário a bater repetidamente aos domingos às 9.
Conclusão: vou ter de gritar mais com o gajo e ameaçar esfaqueá-lo (mais vezes) só para poder matar saudades. ♥
Há uns 2 anos veio o padre cá da terra viver para o nosso prédio. Fez-se anunciar com uma cartinha em cada caixa de correio, juntou os votos de Boa Páscoa e tal e tal. Era simpático, mas cromíssimo. Uma vez entrei no elevador, no R/C, onde o sr. padre já vinha, vindo da garagem. Vinha a ler, livro aberto numa mão e a outra ocupada com qualquer coisa. Quem é que lê no elevador entre a cave e o 2º piso!? Enfim. Foi substituído por outro padre passado uns tempos, um rapaz novinho que mais parece aluno de liceu - não fosse a batina, claro. Por razões que agora não interessam, assisti a um evento na igreja onde o senhor padre aproveitou para dizer umas palavras. Fiquei horrorizada. Ali mesmo, em frente a umas boas dezenas de pessoas, confessou-se apaixonado por Bento XVI (Ratzinger). Sim, a palavra que usou foi "apaixonado".
Entretanto o tempo foi passando e nós afastadíssimos dos temas relacionados com a igreja e o padre, como sempre (somos ateus do mais convicto que há e até com uma certa "alergia" à Igreja Católica - e não só). Até que há uns tempos nos contaram cenas dignas de telenovela que eu honestamente achava que só seriam possíveis algures na TVI Ficção. Cenas estas que incluem o padre andar a ser assediado e ameaçado - parece que alguém (dizem as más línguas que as beatas mais supostamente devotas) não gosta deste novo padre e anda a tentar fazer de tudo para o mandar embora. Parece que não só o senhor ficou com medo de andar no seu carro e trocou-o ou anda com um outro carro emprestado pela Diocese, como recebeu no outro dia uma estranha encomenda... Uma cabeça de pato (morto, obviamente) pejada de alfinetes!
Parece mentira, só que não é. Quem é que é capaz de fazer uma coisa destas!? Bons católicos, cheios de amor no coração, seguramente...
Os nossos vizinhos eram terríveis. Várias vezes estive para chamar a polícia, tal era a animosidade das coisas. Um casal e um puto. A senhora tinha ataques histéricos e gritava, do fundo da sua capacidade torácica, gritava muito. Às vezes gritava com o filho, normalmente um gutural "caaaaaala-te!". Outras vezes gritava com o Universo, ou assim me parecia, só um grito de horror, ou desespero, ou se calhar cansaço. Sei que a primeira vez que ouvi um destes gritos pensei que estava a ocorrer um crime, ou que tinha sido encontrado alguém morto. Quando uns segundos depois o grito se repetiu, com uma intensidade menor e mais umas palavras a acompanhar, percebi que afinal era algo bem menos dramático e larguei o telefone (já estava a ligar para a PSP). Mas os gritos piores eram os gritos dirigidos ao marido, pela frequência, intensidade e sobretudo pelas frases horríveis que veiculavam. Desde "és o pior pai do mundo" a "espeto-te uma faca na cara" ou mesmo, para o filho, "o pai odeia-nos, odeia a mãe e odeia-te a ti", com uma palavrões pelo meio, tudo era possível.
Depois as coisas acalmaram bastante. Tanto que chegámos a pensar que se tinham mudado. Mas não. Tiveram mais um filho.